Historeando: JUDY, A CACHORRINHA QUE GANHOU UMA MEDALHA POR BRAVURA E A SUA TRAJETÓRIA DE HEROÍNA DE GUERRA

Em meio aos horrores da Segunda Guerra Mundial, diversos heróis surgiram. Homens, mulheres e até casos curiosos envolvendo animais estão entre os destaques da resistência democrática comandada por União Soviética, Inglaterra, Estados Unidos e demais países como o Brasil. Uma das histórias mais fantásticas envolve Judy, uma esperta cachorra que se viu envolvida em diversos atos de heroísmo e amor aos seus companheiros de infortúnios.

De alguma forma Judy foi a mascote de diversos navios que faziam suas rotas pelo Pacífico. Provavelmente antes da guerra a cadela deveria seguir algum marinheiro ou grumete, o que a acostumou ao balanço dos navios, às tempestades no mar e outras dificuldades próprias da vida sob as águas agitadas dos oceanos. Dos navios comerciais, de alguma forma ela apareceu em uma embarcação militar capturada pelos japoneses em 1942.

De lá, Judy foi encaminhada a um campo de prisioneiros, onde fez amizade com o aviador Frank Williams, que passou a dividir sua comida com a pequena companheira. Não era muito, apenas uma porção de arroz papa e mofado que os dois tinham para comer durante o dia. Judy ainda incluía em sua alimentação alguns pequenos roedores, certamente mais famintos que ela e que deixavam a segurança da toca atrás de alguma coisa para forrar o estômago. Williams, em seus relatos sobre Judy, dizia que a cachorra lhe trazia os ratos, numa clara tentativa de dividir o seu banquete com o parceiro humano, e que só depois que ele acenava recusando é que a cachorra os comia.

Judy e o aviador Frank Williams

Logo ela tinha ganhado a confiança de todo o campo de prisioneiros, ajudando a elevar a moral dos detidos, com seus latidos e brincadeiras, fazendo até a proteção do local aprendendo a latir na presença de cobras e outros animais.

Judy e alguns dos seus companheiros humanos que ela ajudou a salvar

Quando Williams e os outros prisioneiros foram mandados para outro campo de detenção em Singapura, logo pensaram em uma forma de não abandonar Judy e a colocaram em um saco de arroz, onde ela ficou quieta, para não denunciar o plano dos amigos humanos, mas o navio em que estavam foi bombardeado e Willams, na tentativa de salvá-la a atirou para o mar de uma altura de quase cinco metros. Com isso os dois haviam se separado. Frank Williams foi recapturado e enviado para um base militar. Durante algum tempo não se tinha notícias de sua companheira Judy.

Após alguns dias de muita tristeza, Frank começou a ouvir relatos de náufragos que foram puxados para destroços por um cachorro, largando-os apenas quando estavam segurando em alguma parte do navio que fora atacado. Logo ele percebeu que era sua Judy cumprindo um papel de heroína. Quando ele foi novamente transferido alguns dias depois para um campo de prisioneiros em Sumatra teve uma grata surpresa, um cão todo desgrenhado partiu em carreira contra ele derrubando-o ao se prender ao seu pescoço. Era Judy recepcionando o aviador. De alguma forma, após salvar muitos dos náufragos ingleses, ela própria foi puxada por um deles e encaminhada para Sumatra.

Quando Williams foi libertado ele levou consigo Judy para a Inglaterra, onde ela recebeu a Medalha Dickin, uma condecoração especial para animais em atos de bravura e amor à humanidade. Frank, por sua dedicação à Judy, também recebeu uma medalha. Por alguns anos Judy e Frank trabalharam para as Forças Armadas Inglesas visitando veteranos de guerra, e ajudando-os com traumas psicológicos do pós-guerra. Quando ela morreu aos 13 anos, seu amigo Frank construiu um memorial de mármore com uma placa em que contava toda a sua história.

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