
O imóvel de Rita de Cássia Sossela, moradora de Quatro Barras, foi danificado pela onda de choque provocada pela explosão na fábrica da Enaex Brasil, antiga Britanite, na manhã desta terça-feira (12). Rita ainda estava dormindo quando o estrondo atípico da empresa a despertou.
“Eu ainda estava dormindo quando ouvi o barulho e senti o impacto, mas acho que estava muito sonolenta, porque tomei um remédio para dormir pela primeira vez. Pensei que fosse um trovão. Tentei levantar, mas foi difícil porque o forro caiu sobre mim”, contou.
A primeira reação dela ao conseguir se levantar foi ligar para as irmãs, que moram próximas. Para alívio de Rita, que vive na região há quase 60 anos, os prejuízos foram apenas materiais. Além do forro de PVC destruído, as janelas quebraram por causa do estrondo.




Nos fundos do terreno da fábrica, localizada no bairro Jardim Florestal, desde 2017, mora Emily Pichorz com o marido, os pais e os avós. “Eu e meu marido levantamos e, a princípio, íamos sair para trabalhar. Mas quando vimos o teto todo caído, entramos em desespero porque não esperávamos tanto dano”, relatou.
No andar debaixo da casa de Emily moram os avós. O avô dela passou por uma cirurgia recente. “Meu avô fez cirurgia de coração recentemente. Isso é muito perigoso de você acordar já num desespero… Sem saber o que fazer. A gente já achou que íamos morrer”, desabafou.
Os danos na casa de Emily ficaram restritos ao andar superior, onde ela mora. A casa dos avós sofreu apenas danos leves, como uma porta de vidro trincada.

Explosões são costumes para moradores
No período que vive na região, Emily já se acostumou com os ruídos da fábrica de explosivos ao longo dos anos. Para quem não mora ali, o barulho ainda surpreende durante as visitas à família.
“Diariamente são feitos testes com explosivos, que provocam vibrações em portas e janelas. O som é audível e causa desconforto. Quando meu primo era bebê, acordava chorando com o barulho das explosões. É algo que incomoda. Visitantes não habituados à situação se assustam, imaginando algo extraordinário. Quando meu primo era bebê, acordava chorando com o barulho. Recentemente, fizeram testes com alarmes que pareciam cenas de filme de terror”, explicou.
Antes dessa explosão, o episódio mais marcante para ela foi em 2019, quando o impacto também foi sentido. “Naquela vez, fui fechar a janela do banheiro e vi uma explosão com um clarão intenso. Foi a primeira vez que senti algo tão forte aqui, mas não houve vítimas”, lembrou.
Desta vez, Emily percebeu que era diferente por causa do impacto mais forte e do cheiro de pólvora misturado com produtos químicos no ar. “Sabemos que foi bem perto do local onde meus tios trabalham. Pensar que eles podem estar envolvidos é angustiante. É triste imaginar que pessoas perderam a vida trabalhando”, completou.
Empresa já prestou apoio a moradores
Rita, que já conhece o funcionamento da empresa, diz que em ocasiões anteriores a Enaex Brasil ofereceu suporte aos moradores afetados. Por isso, acredita que a reparação dos danos será rápida. “Acredito que não teremos problemas em relação aos reparos”, afirmou.
Ainda pela manhã, três equipes da Defesa Civil foram acionadas para auxiliar os moradores. Rita já recebeu a visita dos técnicos. “Eles fizeram vistoria, tiraram fotos e disseram que vão entrar em contato para informar os próximos passos. Estão avaliando todas as áreas afetadas e depois darão um retorno”, contou.
Enquanto as causas da explosão ainda não foram esclarecidas, Rita sente o impacto da repercussão do episódio. “Só podemos esperar que tudo se normalize logo. Foi um evento muito triste”, concluiu.
Entenda o caso
A explosão atingiu a empresa Enaex Brasil (antiga Britanite), localizada no quilômetro 1 da BR-116 (Rodovia Régis Bittencourt), em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, na manhã desta terça-feira (12), pouco depois das 5h30. O incidente mobilizou equipes do Corpo de Bombeiros, que constataram 9 desaparecidos. Embora não tenha havido incêndio, moradores relataram ter visto fumaça no momento da explosão. A área foi evacuada e os bombeiros seguem no local mapeando vítimas e avaliando a segurança da zona, considerada de alto risco devido à presença de material explosivo.
Enaex Brasil, antiga Britanite
A Enaex Brasil, especializada na produção de explosivos e desmonte de rochas, opera em regime de turno 24 horas — o que explica a presença de pessoas no momento da tragédia. Vale lembrar que, em 2004, uma explosão anterior na fábrica resultou na morte de duas pessoas.

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