Boletim do
Ministério da Saúde mostra que 14 pacientes são monitorados no Brasil
por suspeita de terem sido infectados por coronavírus. Antes do
meio-dia, 16 casos eram considerados suspeitos, mas dois foram
excluídos. “A tendência é que com o volume de casos vamos conseguir
descartar os casos cada vez mais rapidamente”, afirmou o ministro da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em entrevista coletiva à imprensa na
tarde de segunda-feira (3).
Segundo Mandetta, o país vai decretar estado de emergência pública
quanto ao coronavírus, mesmo sem a confirmação de casos. Isso porque,
segundo o ministro, a medida é indispensável para a repatriação dos 40
brasileiros que estão na cidade de Wuhan, na província de Hubei, região
central da China.
Até o momento, o ministro descartou barrar a entrada de chineses ou de
viajantes vindos da China no Brasil, como foi feito pelos Estados
Unidos. “Essa é uma medida inócua, sem nenhuma eficácia comprovada”,
argumentou.
QUARENTENA
O ministro revelou que o protocolo de quarentena para os brasileiros
vindos de Wuhan será mais longo do que o previsto. “A quarentena será de
18 dias. São quatro dias de margem de segurança. Ainda estamos
organizando a logística. A operação de busca será feita pelo Ministério
da Defesa. A articulação com a China é do Ministério das Relações
Exteriores. Mas haverá um exame admissional feito pelo Ministério da
Saúde para o embarque. Todo o procedimento de biossegurança será
preparado: enfermeiros, plantonistas, médicos e quartos individuais. Até
as necessidades especiais dos pacientes, como os diabéticos, por
exemplo, estão sendo discutidas pela equipe técnica”, explicou.
O Ministério da Defesa cogita usar a base de Anápolis (GO) ou a de Florianópolis para a quarentena.
Brasileiros que apresentem sintomas do coronavírus durante a evacuação
não embarcarão no transporte de volta para o Brasil. “Todas as pessoas
que apresentarem sintomas não serão removidas. Apenas pessoas que não
apresentarem sintomas vão embarcar. Vamos manter a segurança dos outros
brasileiros” disse Mandetta.
MEDIDA PROVISÓRIA
Segundo o ministro, o texto que institui os protocolos de segurança
sanitária no Brasil está sendo redigido e deve ficar pronto “o mais
rápido possível”. A medida provisória consolidará instrumentos que estão
“fragmentados, espalhados por leis antigas, portarias e regulações”.
“Era tudo muito pontual. Vamos consolidar, retirar o que não serve mais,
e que sirva para todas as condições ter esse marco legal. Isso era uma
falha do nosso sistema [sanitário]”.
“A lei trará todos os detalhes técnicos da quarentena. Ela vai
harmonizar e colocar em um patamar de igualdade com a legislação de
outros países que possuem mecanismos similares. Temos que aprender com o
que está acontecendo e nos preparar, porque isso pode acontecer no
nosso quintal”, complementou.
CORONAVÍRUS PELO MUNDO
Os Estados Unidos já confirmaram 11 casos de coronavírus. As Filipinas
confirmaram o primeiro óbito – um homem de 44 anos, natural de Wuhan,
que viajou infectado. A China contabiliza, no momento da reportagem,
17.493 casos da doença, com 362 óbitos e 536 pessoas que estiveram
contaminadas e que não apresentam mais os sintomas do coronavírus.
Hua Chunying, porta-voz do ministério Chinês de Assuntos Internacionais,
acusou o governo americano de “não prover assistência substancial à
China”, e de “espalhar medo e um mau exemplo” por ter instituído a
suspensão total da entrada de viajantes chineses em território
americano. Em contrapartida, o Departamento de Estado norte-americano
elevou o estado de emergência do coronavírus para nível 4 – o mais alto
-, o que significa que a região de foco da doença, a cidade de Wuhan, na
província de Hubei, deve ser absolutamente evitada por cidadãos
americanos. Visitantes estrangeiros que estiveram na China nos últimos
14 dias também não terão a entrada aprovada em solo norte-americano.
Agência Brasil