
Uma megafraude no INSS, estimada em R$ 6,3 bilhões desde 2019, gerou uma crise política. Investigações da PF e CGU revelaram um esquema onde entidades descontavam valores de aposentados sem autorização, usando assinaturas falsas. O escândalo, que pode ter afetado 4,1 milhões de pessoas, culminou na demissão do ministro da Previdência, Carlos Lupi, e do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Wolney Queiroz assumiu a pasta. A oposição articula uma CPI no Congresso, aumentando a pressão sobre o governo Lula, que agora enfrenta o desafio de ressarcir as vítimas. A situação segue tensa e sem prazo para resolução.
O esquema fraudulento, que operava desde o governo anterior e se intensificou na gestão atual, envolvia o cadastro não autorizado de beneficiários por entidades sindicais e associações. Utilizando assinaturas falsificadas, aplicavam descontos diretos nos pagamentos. As investigações apontam Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS” e sócio de 21 empresas, como o operador central dessa rede que pode ter lesado milhões de aposentados e pensionistas.
A nomeação de Wolney Queiroz, antigo número dois da pasta, para substituir Lupi, gerou controvérsias. Queiroz participou da reunião do Conselho Nacional da Previdência em 2023, onde as primeiras denúncias surgiram, mas ações efetivas só foram tomadas um ano depois. Essa ligação com a gestão anterior e a demora na resposta às denúncias alimentam críticas da oposição e mantêm a pressão sobre o novo ministro.
A possibilidade de instalação de uma CPI no Congresso preocupa o governo. A oposição, liderada por partidos como PL e Novo, já se mobiliza para investigar o caso. Dada a base governista fragilizada, que depende de alianças com o Centrão, uma CPI sobre um tema tão sensível como desvios de recursos de aposentados representa um grande risco de desgaste, especialmente com as eleições se aproximando no próximo ano.
Embora o presidente Lula tenha prometido a devolução dos valores descontados indevidamente e determinado que a Advocacia-Geral da União (AGU) processe os responsáveis, ainda não há clareza sobre como e quando o ressarcimento ocorrerá. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que o governo busca um “caminho”, enquanto AGU e CGU avaliam a estrutura para a devolução, deixando as vítimas em compasso de espera.