Enquanto o Legislativo torra R$ 62 mil em quatro meses, motoristas da saúde viajam ganhando R$ 85 por dia.
Em apenas quatro meses, o Legislativo municipal já consumiu R$ 62.850,00 com diárias — valor superior ao total gasto em todo o ano de 2024.
No mesmo período, a Prefeitura Municipal, incluindo todas as secretarias, desembolsou R$ 89.014,20. Mas a diferença vai além do valor global: ela escancara o privilégio no topo da estrutura pública e a desvalorização dos que atuam na linha de frente.
Um exemplo cristalino está nas 12 diárias utilizadas pelo presidente da Câmara, que mais recebeu no período, todas com o valor unitário de R$ 650,00, totalizando R$ 7.000,00.
Veja a relação das diárias aqui.
Já um motorista da Secretaria de Saúde, que também recebeu 12 diárias no mesmo período para transporte de pacientes — muitas vezes em madrugadas, sob risco e pressão — recebeu R$ 85,00 por diária, totalizando R$ 1.020,00.
Cada diária parlamentar equivale a quase 8 diárias de um servidor da saúde.
Assim como o presidente da Câmara de Campina da Lagoa, que lidera o ranking na Câmara de Vereadores em diárias, o prefeito do município, Gianny Gracioso, gastou R$ 17.923,00 em sete viagens — todas com agenda oficial justificada em Brasília, Curitiba e Foz do Iguaçu, acompanhando projetos de captação de recursos, saúde e infraestrutura
E mesmo assim, Gianny gastou consideravelmente menos do que o prefeito de Nova Cantu:
- Airton Agnolin (Nova Cantu): R$ 25.700,00 em diárias no mesmo período
- Elza Aparecida da Silva (Altamira do Paraná): R$ 17.875,00
No caso dos prefeitos, este estão atuando como representantes oficiais do município, o que naturalmente envolve deslocamentos institucionais. O que chama atenção é que, mesmo sendo o chefe do Executivo, o Prefeito gastou apenas 2,5x mais que o presidente da Câmara, cuja função principal é fiscalizar.
Enquanto isso, o povo aperta o cinto, na base da máquina pública, os motoristas, auxiliares administrativos, operadores de máquinas e profissionais da saúde seguem recebendo diárias irrisórias, com salários defasados e sem qualquer reposição inflacionária ou política de valorização.
Com a projeção atual, a Câmara poderá ultrapassar R$ 150 mil em diárias até dezembro de 2025. Em um cenário de crise econômica, serviços públicos estagnados e servidores desvalorizados, a prática de viagens frequentes e sem transparência reforça uma gestão mais voltada ao privilégio do que à eficiência.
Fonte: Potal O Vale