A coalizão governante do Japão rachou nesta sexta-feira (10) com a saída do partido Komeito, em um movimento que lança dúvidas sobre a capacidade da sigla da situação, o Partido Liberal-Democrata (PLD), de alçar sua nova líder, Sanae Takaichi, ao cargo de primeira-ministra.

Era esperado que a representante se tornasse a nova premiê, uma vez que a coalizão era representativa no parlamento. Se eleita, Takaichi se tornaria a primeira mulher a governar o Japão.

Embora seu partido tenha o maior número de cadeiras, a sigla não tem a maioria, e a oposição tem feito campanha para que os parlamentares votem em alternativas, como o líder do Partido Democrático do Povo (PDP), Yuichiro Tamaki.

Segundo a mídia estatal NHK, o chefe do Komeito, Saito Tetsuo, teve uma reunião com a líder nesta tarde (horário local) e afirmou que o PLD não tinha respostas para problemas de financiamento levantados por seu partido.

O Komeito pressionava o PLD a dar um retorno satisfatório sobre os casos de desvio de fundos políticos e outros escândalos financeiros. A liderança disse ainda que a legenda não apoiaria Takaichi na eleição para o cargo mais alto do país.

“Lidar com a questão do financiamento político é o foco principal do Komeito. Em relação ao governo de coalizão do Partido Liberal Democrata e do Komeito, queremos encerrar o relacionamento por enquanto”, disse Tetsuo, de acordo com a NHK.

Takaichi teria respondido que manter a coalizão com o Komeito é fundamental após sua eleição como presidente do partido no sábado (4). Agora, a representante precisa negociar com outros partidos para chegar ao cargo de premiê.

A expectativa é que a Câmara Alta e a Baixa decidam nas próximas semanas quem será o próximo primeiro-ministro.

O racha coloca fim em uma parceria que durou cerca de 26 anos e simboliza a primeira derrota de Takaichi à frente do PLD. Seu antecessor, Shigeru Ishiba, renunciou ao cargo no início de setembro devido a pressões decorrentes de derrotas eleitorais. Perder em julho deste ano a maioria da Câmara Alta foi decisivo. O resultado do fracasso representou para o partido, que dominou a política japonesa dos últimos 70 anos, uma de suas piores derrotas.

Antes disso, em outubro do ano passado, o PLD também se tornou minoritário na Câmara Baixa, o que aumentou a pressão na derrota mais recente. Nesse caso, foi o pior desempenho dos 15 anos anteriores.

Para chegar ao cargo de líder do PLD, Takaichi derrotou em segundo turno o ex-ministro do Meio Ambiente Shinjiro Koizumi, 44, herdeiro de uma dinastia política com mais de um século de influência no governo japonês. Os outros três concorrentes —o ex-secretário-chefe de gabinete Yoshimasa Hayashi, 64, o ex-ministro de Relações Exteriores Toshimitsu Motegi, 69, e o ex-ministro de Segurança Econômica Takayuki Kobayashi, 50— perderam na primeira rodada da votação.

A veterana do partido chegou à liderança após ficar em segundo lugar na última eleição e acumular cargos de importância, como o de ministra da Segurança Econômica.

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