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Nascido em Belo Horizonte e apaixonado por games desde a infância, Leo Faria foi levado para o mundo da tecnologia exatamente pela influências dos jogos. Chegou a trabalhar em consultoria, mas a migração profissional para o mercado de games foi uma evolução natural para o executivo, que se descreve como “gamer a vida toda” crescendo com computadores e consoles como Atari e Super Nintendo. Neste domingo (05), ele liderou e celebrou a final do Valorant Champions Paris 2025, na Accor Arena, na capital francesa, que reuniu cerca de 20 mil pessoas.
“Essa paixão por games me impulsionou para a área de tecnologia, começando a carreira como desenvolvedor e programador super cedo. Após cerca de dez anos na área, migrei para a gestão de projetos, uma experiência que se provou crucial para o momento que vivo hoje na Riot Games.” Além da consultoria, ele também teve passagens como empreendedor em uma startup.
A Chegada à Riot e a Virada para os Esports
Quando a Riot Games abriu seu escritório no Brasil, em 2014, Leo, que já era jogador de League of Legends, se candidatou a diversas vagas. A oportunidade, no entanto, veio em 2015, como produtor. “Passei três anos em São Paulo, sendo o primeiro ano na ponte aérea de Belo Horizonte. Inicialmente, eu jamais havia imaginado trabalhar com jogos, por considerar as oportunidades escassas no Brasil, especialmente para desenvolvedoras e publishers.”
Após dois anos como produtor, Leo liderou o time de publishing (marketing, conteúdo, comunidade), ou seja, “toda a roda que faz girar esse negócio para além do competitivo.” Contudo, a paixão falou mais alto: “o que eu na verdade amo de verdade é esports.” Isso o levou a buscar uma transferência para Los Angeles (HQ da Riot) em 2019, voltando a trabalhar com esports, na época, focado ainda no League of Legends. Na Califórnia, ele trabalhou por quase dois anos no lançamento do cenário competitivo de League of Legends: Wild Rift para mobile. Em maio de 2022, foi oferecida a oportunidade que ele lidera há mais de três anos: ser o Head Global de Esports de Valorant.
Valorant, a Bolha dos Esports e o Caminho Saudável
Sua jornada no Valorant começou em um cenário em maturação. O grande acerto do jogo, lançado em meio à pandemia, foi o crescimento orgânico, seguindo a demanda da comunidade, ao contrário de outros projetos que saíram fazendo um “mega investimento gigante já no ano um.” O executivo destaca que a base de jogadores de Valorant não veio de rivais como CS ou League of Legends, mas sim de um público mais jovem, para quem Valorant foi o primeiro jogo competitivo, vindo de plataformas como Roblox e Minecraft. Valorant ultrapassa a marca de 25 milhões de jogadores mensais concorrendo com franquias como Counter Strike, Overwatch e Rainbow Six.
Sobre a percepção de uma “desacelerada” no mercado de esports pós-pandemia, ele afirma que houve uma “grande correção de expectativa” e o estouro de uma “bolha” de negócios inflacionada por fundos de venture capital que esperavam que os esports se tornasse os próximos esportes tradicionais (como a NBA). A realidade é que o modelo de media rights não se sustentou. “A Riot, por sua vez, encontrou um caminho muito mais saudável e sustentável: a monetização dentro do jogo, através da venda de skins e itens de esports. Essa receita é parcialmente compartilhada com os times da liga — no ano passado, foram quase US$ 80 milhões distribuídos. Para o executivo, essa é a prova de que a criatividade e a paixão — características que ele vê nos muitos brasileiros que trabalham na Riot, em Los Angeles — continuam a ser o motor do sucesso.