O relevo irregular das áreas montanhosas faz com que o tempo mude mais rapidamente nestas regiões. Isso pode atrapalhar o planejamento dos montanhistas, dos turistas e colocar vidas em risco. Para ajudar na previsão e monitoramento do tempo nestas áreas, e consequentemente na tomada de decisão dos órgãos responsáveis, o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental (Simepar) fará a instalação inédita de duas estações meteorológicas em áreas de montanha.

A primeira estação será instalada na próxima semana na base do Parque Estadual Pico Marumbi (PEPM), em Morretes. A visita técnica para estudar o melhor local para colocação das estações foi na terça-feira (12). Os estudos apontaram que o melhor local para implantação na base é próximo à estação de trem Marumbi. A segunda estação, no prazo de até 60 dias, será instalada no topo do Pico Olimpo, também conhecido como Pico Marumbi, o ponto mais alto do parque.

Elas são compostas pelos seguintes equipamentos: anemômetro (registra a velocidade e rajada do vento), pluviômetro (registra volumes de chuva), piranômetro (mede a radiação solar), termohigrômetro (sensor de temperatura e umidade) e barômetro (sensor de pressão).

“A ideia é compreender melhor como o clima especificamente nessa área se comporta. Principalmente a chuva, que é uma variável super importante para dar suporte para o pessoal que gerencia a área e também o pessoal que faz os resgates de possíveis turistas perdidos no local”, explica José Eduardo Gonçalves, gerente de Hidrologia e Infraestrutura do Simepar. 

“As condições meteorológicas na serra são adversas. Sem os dados, sem o monitoramento, não é possível identificar a diferença. Por isso, a ideia é colocar um ponto de monitoramento a aproximadamente 1.500 metros de altura e um na base, que fica mais ou menos a 450 metros de altura em relação ao nível do mar”, detalha Gonçalves.

Os dados de todas as estações meteorológicas são atualizados a cada 15 minutos e disponibilizados gratuitamente para a população no site do Simepar.

Estação meteorológica quer mais segurança no Parque Estadual Pico Marumbi

O Cosmo atua em primeira resposta nos atendimentos no Parque Estadual Pico Marumbi. Nos casos mais graves, o Corpo de Bombeiros é acionado. O grupo atendeu mais de 30 ocorrências entre 2022 e 2024 no PEPM – entre elas sete resgates graves. Entre as ocorrências, 31% foram no Olimpo e na Trilha Frontal. Segundo o grupo, preparo físico, hidratação e planejamento de horário evitariam 60% destes incidentes.

De acordo com os meteorologistas do Simepar, o tempo muda mais rapidamente em regiões montanhosas por conta do relevo irregular. Altura, vegetação e até mesmo a proximidade com o oceano, no caso do PEPM, impactam diretamente nestas alterações. Podem ocorrer repentinamente, por exemplo, ventos fortes e enxurradas, que colocam os montanhistas e visitantes em situação de risco.

Para o vice-coordenador do Cosmo, Lineu Filho, as questões climáticas são primordiais para uma visitação mais segura. Com clima úmido, as trilhas ficam mais perigosas, mais lisas. O frio aumenta a condição para hipotermia, porque a temperatura fica mais baixa quanto mais alto a pessoa está. Já no verão, com temperaturas muito altas, há uma condição de amplitude térmica muito grande entre as diferentes áreas da trilha.

“Por todos estes motivos o monitoramento das condições climáticas favorece porque com isso as pessoas podem optar por não ir se o tempo não estiver adequado, e também para pesquisa ao longo do tempo. Ter dados mais precisos sobre as condições climáticas no parque vai ajudar no manejo da visitação”, afirma Lineu.

O parque

O PEPM possui atualmente 8.745 hectares de área e configura uma Unidade de Conservação da Natureza de Proteção Integral, ou seja, é um parque instituído com objetivo principal de conservar a rica biodiversidade local.

Parte de seus limites faz divisa com outras unidades como a Área de Proteção Ambiental Estadual do Piraquara, Parque Estadual da Serra da Baitaca e Parque Estadual da Graciosa. O PEPM recebe cerca de 8,5 mil visitas ao ano, e julho é o mês que recebe o maior público. 

O Conjunto do Marumbi é formado por diversos picos que superam os 1.000 metros de altitude e possui, por questões de segurança, acesso autorizado apenas nos quatro principais: Pico Olimpo (1.539 m), Gigante (1.487 m); Ponta do Tigre (1.400 m); Abrolhos (1.200 m); e Morro Rochedinho (625 m).

O nome originário do mais alto, batizado pelos índios, era “Guarumby”, que em tupi significa “Montanha Azul”. Hoje ele recebe o nome de Joaquim Carmeliano Olimpio, que alcançou em 21 de agosto de 1879, pela primeira vez, estes 1.539 metros de altitude.

Grupos de WhatsApp da Tribuna

Receba Notícias no seu WhatsApp!

Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.

Participe dos Grupos da Tribuna

Source link