Marcos Neira defende a implantação de um novo currículo escolar e a capacitação de profissionais com base nas novas mudanças e dinâmicas da população brasileira

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chapéu usp e educação

Imagem de uma sala de aula em que se vê, ao fundo, uma professora escrevendo num quadro branco; em destaque estão os alunos sentados em suas respectivas cadeiras e fazendo anotações
A queda no número de alunos matriculados pode ser explicada a partir de diversas vertentes – Foto: Pillar Pedreira/Agência Senado
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De acordo com o Censo Escolar 2024, entre 2023 e 2024 houve uma redução de cerca de 300 mil estudantes matriculados no ensino básico brasileiro. O dado, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), é preocupante e levanta questões importantes no sistema educacional brasileiro.

A educação básica diz respeito ao primeiro nível do sistema educacional brasileiro e ocupa espaço fundamental na formação intelectual e social dos cidadãos. Marcos Neira, professor da Faculdade de Educação da USP, comenta que essa etapa da educação nacional, dividida em ensino infantil, fundamental e médio, é imprescindível para a formação dos jovens. “A frequência e a conclusão do ensino médio garantem as condições mínimas para o exercício pleno da cidadania, garantirá ao sujeito as condições necessárias para a compreensão e intervenção qualificada do mundo ao seu redor.”

Motivos

Marcos Neira – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A queda no número de alunos matriculados pode ser explicada a partir de diversas vertentes. Segundo o docente, as razões para o decréscimo vão de mudanças demográficas no País até a inserção precoce no trabalho. Além disso, outras questões como evasão escolar e desigualdades econômicas e raciais também afetam diretamente os índices na educação básica nacional.

A saída de crianças e jovens, principalmente no fim do ensino fundamental, pode estar atrelada à dificuldade de evolução do rendimento acadêmico. “O elemento que mais influencia a evasão escolar é o estudante se dar conta que ele permanece na escola, mas ele não aprende aquilo que está sendo trabalhado. Isso causa desmotivação dos jovens e, ao mesmo tempo, as redes municipais e federais não oferecem apoio ao estudante nesse momento”, afirma Neira. A pandemia de covid-19 foi um dos grandes agravantes nessa questão.

Políticas públicas e o PNE

O ensino básico é um dos focos temáticos do Plano Nacional de Educação (PNE), previsto para entrar em vigor em 2026; assim, novas políticas educacionais voltadas ao setor devem ser formuladas e discutidas, a fim de minimizar o problema. Para o professor, a queda no número de matriculados pode afetar diretamente o exercício da cidadania pelos jovens brasileiros.

Para melhorar o panorama atual da educação nacional, um novo currículo escolar e capacitação de profissionais, pautados nas novas mudanças e dinâmicas da população brasileira, é essencial. “Nós temos que entender a nova configuração educacional e populacional brasileira, e, a partir disso, organizar os nossos currículos, as nossas práticas. O PNE enfrenta questões muito importantes nesse sentido. A formação de professores, por exemplo, pode ser voltada para uma educação inclusiva, para todos os alunos e níveis de aprendizagem”, defende Neira.

*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo


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