A Polícia Civil do Paraná (PCPR) indiciou a diretora, uma pedagoga e uma professora da Escola Shanduca, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, pelos crimes de maus-tratos. Dois inquéritos apuraram casos envolvendo crianças, entre elas uma com autismo que foi amarrada no banheiro da instituição.

O primeiro inquérito, encerrado em julho, tratou do caso de uma vítima de quatro anos, no qual a diretora e uma pedagoga investigadas já haviam sido indiciadas.

O segundo, concluído nesta quarta-feira (13), apurou denúncias de outras cinco crianças, que também relataram maus-tratos. O inquérito terminou com o indiciamento também da pedagoga, que respondia pela direção no dia dos fatos, e de uma professora.

Segundo nota enviada pela PCPR à Tribuna, os dois procedimentos reuniram depoimentos de 18 pessoas, incluindo suspeitas, funcionários da escola, testemunhas e pais das vítimas. Por envolver menores de idade, o processo corre em sigilo, conforme a legislação.

O caso está no Ministério Público do Paraná (MPPR), que decidirá por enviar a denúncia à Justiça. No momento, em resposta enviada à Tribuna, o MPPR informou que o caso ainda está em análise.

O que diz a defesa?

A defesa da pedagoga da Escola Shanduca afirmou, em resposta à Tribuna, que aguarda a decisão do Ministério Público, já que o inquérito é um procedimento pré-processual. Veja um trecho da nota abaixo:

“Assim, para se resguardar a ampla defesa e o contraditório, que são direitos constitucionalmente previstos, a Defesa de Gabriela aguardará a apresentação de eventuais denúncias por parte do Ilustre Parquet do Ministério Público, reservando-se a adentrar no mérito dos fatos somente na instrução processual em sede judicial. O caso em comento é notório e envolve questões delicadas e sensíveis, evidentemente chamando a atenção de toda a sociedade. Contudo, é sempre oportuno lembrar que existem meios adequados e legais para se promover a Justiça, devendo-se respeitar o devido processo legal e as garantias constitucionais dos investigados“, diz a nota.

A defesa acrescentou que, para preservar a integridade física e a imagem da investigada e de sua família, diante das ameaças recebidas, não haverá manifestação pública sobre o caso no momento. Já a defesa da proprietária da escola afirmou que aguarda acesso aos autos, uma vez que o processo corre em sigilo.

Relembre o caso

No início de julho (7), uma denúncia anônima levou à prisão de uma professora de uma escola da Escola Shanduca. O caso que motivou a investigação começou na sexta-feira (4), quando a mãe de uma criança com autismo encontrou o filho amarrado pelos pulsos com um pano de prato, dentro do banheiro da escola.

A prisão foi realizada pela Guarda Municipal, que acompanhava uma visita do Conselho Tutelar. Na ocasião, a Secretaria Municipal de Educação de Araucária enviou um ofício solicitando que fossem “adotadas, com a máxima urgência, todas as providências cabíveis para a apuração rigorosa dos fatos e a devida responsabilização dos eventuais envolvidos”.

Após o primeiro caso, outras denúncias vieram à tona. Uma delas envolvia uma menina de três anos. A informação foi divulgada pelo vereador de Araucária, Olizandro Júnior (MDB), nas redes sociais. Em vídeo, ele mostrou capturas de tela enviadas por familiares da criança, que relataram que a filha foi agredida, amarrada e trancada na escola.

Outro relato apontou mais um caso de tortura dentro da Escola Shanduca. Segundo Felipe Brandão e Sandi Stefani, ex-professoras da instituição contaram a eles que seus filhos também foram vítimas de maus-tratos. Em entrevista à Tribuna, eles afirmaram que a repercussão dos casos era apenas “a ponta do iceberg”.

De acordo com Daniely Mulinari, advogada da mãe de uma das vítimas, o processo conseguiu reunir o caso de cinco crianças vítimas de violência dentro da escola. A advogada afirma que “este caso representa não apenas a busca por justiça para as vítimas e suas famílias, mas também um marco na reafirmação de que nenhuma função administrativa ou posição hierárquica pode servir de escudo para a responsabilização penal”.

Grupos de WhatsApp da Tribuna

Receba Notícias no seu WhatsApp!

Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.

Participe dos Grupos da Tribuna

Source link