
Os easter eggs estavam lá fora. Só temos a nós mesmos para culpar por não termos decifrado todos eles.
No palco em Nova Orleans, em outubro passado, por exemplo, Taylor Swift mostrou dez dedos três vezes. Depois, nos momentos finais de sua turnê “Eras Tour” em dezembro, Swift, vestida com uma fantasia brilhante, deixou o estádio não pela plataforma de elevador do palco, como havia feito nas 148 noites anteriores, mas indo em direção a uma porta laranja brilhante que havia sido exibida no fundo do palco.
Em agosto, Swift revelou para que essas pistas estavam apontando: seu próximo álbum, “The life of a showgirl”, que será lançado nesta sexta-feira (3). Seu esquema de cores é centrado em um laranja quente e cintilante, e seus temas foram inspirados pela turnê recordista e chamativa da artista, bem como por sua movimentada vida fora dos palcos durante os 21 meses na estrada em 2023 e 2024.
“Quis dar uma pequena dica subliminar aos fãs de que eu poderia estar saindo da era da ‘Eras Tour’, mas também estava entrando em uma nova era”, disse Swift no New Heights, o podcast apresentado pelas estrelas do futebol americano Travis Kelce — com quem Swift começou a namorar em 2023 — e seu irmão Jason.
“The life of a showgirl” é o 12º álbum de inéditas de Swift e estende uma sequência incrivelmente produtiva. Desde 2020, a cantora e compositora lançou cinco novos álbuns de estúdio (contando o lançamento desta sexta) e quatro regravações de antigos LPs; sua mania de encher álbuns com faixas bônus significa que, mesmo antes de Showgirl, ela já havia lançado quase 200 músicas novas desde a pandemia.
Atualmente, Swift costuma divulgar novidades por meio de breves posts em redes sociais. Ao participar de um videocast longo — seu episódio no *New Heights* durou pouco mais de duas horas —, ela ganhou uma plataforma expansiva para discutir o projeto em detalhes, moldando as expectativas dos fãs e estabelecendo a narrativa de marketing para o álbum.
O próximo passo de sua campanha destacou que esta era envolveria uma história de amor. Em imagens divulgadas nas redes sociais 13 dias após o podcast — claro —, Kelce se ajoelhou diante de Swift em um jardim de flores quase fantasioso demais, e Swift exibiu um anel de diamante em estilo vintage. “Sua professora de inglês e seu professor de educação física vão se casar”, escreveram os dois em um post conjunto no Instagram.
Somando-se à sensação de uma imensa volta olímpica estão seu quarto troféu de Álbum do Ano no Grammy do ano passado, por “Midnights” — superando três vezes campeões como Frank Sinatra, Stevie Wonder e Paul Simon — e o anúncio em maio de que finalmente adquiriu os direitos das gravações originais de seus seis primeiros álbuns. A venda desse catálogo, sem a participação de Swift, seis anos atrás, levou às regravações, que mobilizaram os fãs em um ato de vingança justificada.
A campanha promocional de “The life of a showgirl” também incluirá um “release party” de 89 minutos em centenas de cinemas AMC neste fim de semana, com a estreia do clipe da música “The fate of Ophelia” e outros conteúdos, anunciou a AMC. Swift também tem vendido CDs e LPs de vinil antecipadamente pelo seu site, em várias versões de design e acompanhados de produtos — como um cardigã laranja com um CD em caixa brilhante por US$ 70 (cerca de R$ 370) —, garantindo números massivos de vendas na primeira semana.
O que tem acontecido fora do palco, claro, é o romance muito público de Swift e Kelce. Em seu podcast, Kelce, astro do Kansas City Chiefs, disse que quando a viu se apresentar em seu estádio, em julho de 2023, tentou (e falhou) entregar seu número de telefone em uma pulseira da amizade. Mas logo entraram em contato, e em fevereiro de 2024, momentos após os Chiefs vencerem o Super Bowl LVIII, a imprensa capturou o beijo do casal em campo.
Nos álbuns anteriores, os relacionamentos — ou ex-relacionamentos — de Swift frequentemente foram um subtexto temático importante, com a cantora deixando pistas quase sempre veladas sobre seus alvos. (Nos primeiros álbuns, isso incluía até capitalização estratégica nas letras impressas.) Mas em Showgirl, esse aspecto já não está oculto. No podcast dos irmãos Kelce, ela indicou que o álbum é ao menos em parte sobre sua vida com Travis, descrevendo como suas agendas combinavam — os dias de jogo dele coincidindo com as noites de show dela — enquanto Kelce pacientemente mostrava uma cópia do vinil para a câmera.
“Este álbum é sobre o que estava acontecendo nos bastidores da minha vida interior durante esta turnê que foi tão exuberante, elétrica e vibrante”, disse Swift.
Ainda assim, a imagem do álbum sugere que pode haver mais. Na capa padrão, ela veste uma roupa de palco justa enquanto está parcialmente submersa em uma banheira. Outras fotos, de uma série que ela elogiou como “extraordinária”, estão entre as mais reveladoras que já divulgou, mostrando Swift em trajes de showgirl de Las Vegas, às vezes com uma expressão assombrada.
Swift caracterizou Showgirl como seu retorno consciente ao pop puro depois de desvios como os álbuns “esotéricos” de indie-folk da pandemia (”Folklore” e “Evermore”) e a atmosfera densa de “Midnights” e “Tortured poets”. Ela fez o novo álbum com os produtores Max Martin e Shellback, com quem trabalhou em três discos cruciais que a transformaram em superestrela pop: “Red” (2012), “1989” (2014) e “Reputation” (2017). Isso faz dele um raro exemplo de Swift aparentemente olhando para trás em busca de inspiração.
Para Swift, essa abordagem focada no pop envolve “melodias tão viciantes que você quase fica irritado com elas”, disse.
O álbum foi gravado em segredo, mas no “New Heights”, Swift deu detalhes suficientes para que os fãs triangulassem aproximadamente quando ele foi feito, no verão de 2024. Ela disse que havia convidado Martin para a “Eras Tour” quando ela passou por Estocolmo (17 a 19 de maio) e que voltou para lá para gravar com Martin e Shellback nos dias de folga da perna europeia, que terminou em agosto.
“Midnights” e “Tortured poets” vieram com vasto material bônus, o que gerou algumas críticas negativas (embora os fãs continuassem famintos como sempre). Para Showgirl, Swift observou no podcast que o álbum teria 12 músicas e nada mais.
“Doze hinos”, completou Travis Kelce.