Os projetos de retrofit estão se tornando uma tendência natural em expansão nas grandes cidades, especialmente para aumentar as opções de moradia nos centros urbanos, onde muitos prédios comerciais ou residenciais encontram-se fechados. A avaliação é da arquiteta Carla Choma Frankl, da área de Projetos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), responsável por obras de renovação ou restauro de prédios públicos como o Belvedere e o Estúdio Riachuelo.

A arquiteta lembra que a oferta de imóveis novos no Centro é limitada pela escassez de terrenos, e demolir grandes estruturas de prédios antigos não costuma ser um processo simples.

“Os projetos de retrofit, na maioria das vezes acompanhados de alteração no tipo de uso do imóvel, são uma oportunidade para ressignificar edifícios fechados ou com baixa ocupação no Centro, e que muitas vezes têm grande qualidade arquitetônica”, explica a arquiteta do Ippuc.

Renovar edificação é alternativa mais sustentável

O processo de recuperação e adaptação de estruturas já existentes também é considerado uma alternativa mais sustentável de obra, destaca Carla. “Renovar uma edificação envolve menos utilização de materiais de construção e descarte de resíduos. A demolição é controlada, se comparado a derrubar tudo e construir um novo, o que envolveria um volume muito maior de água, energia elétrica e outros elementos que são aplicados em menor escala no processo de retrofit”, justifica a arquiteta.

Por ser mais sustentável e contribuir para a reocupação de prédios antigos fechados, as obras de retrofit realizadas na região central da capital estão alinhadas a várias iniciativas da prefeitura, especialmente ao projeto Curitiba de Volta ao Centro, que prevê ações de redesenvolvimento da região, envolvendo poder público, empresas, instituições públicas e privadas, organizações da sociedade civil e a população na construção das soluções.

Retrofit do Edifício Apolo

Um exemplo prático em execução no Centro de Curitiba é o retrofit do Edifício Apolo, com 56 anos, localizado na esquina das ruas Mateus Leme e Inácio Lustosa, atrás do Shopping Mueller. O prédio de quatro andares, construído em 1969, está “renascendo” com intervenções que vão além de simplesmente repaginar a fachada.

Com projeto assinado pelo escritório de arquitetura curitibano Arquea, o “novo” Edifício Apolo manterá uso misto (moradia e comércio), mas estará atualizado em termos de normas técnicas da Prefeitura e Corpo de Bombeiros, incluindo acessibilidade, ventilação e iluminação naturais; além de contar com tecnologias contemporâneas como elevador, climatização e medidores individuais de energia e água.

Fernando Caldeira de Lacerda, arquiteto responsável pelo projeto do retrofit e sócio fundador da Arquea, conta que o escritório também propôs à família proprietária do imóvel uma completa alteração na planta original do prédio, que originalmente tinha 28 unidades habitacionais. “As cinco lojas no térreo serão mantidas, mas os três andares superiores passarão a ter 54 estúdios com 25 a 40 metros quadrados”, salienta ele.

Para garantir que o “novo” Edifício Apolo receba as atualizações necessárias, a construtora responsável pela execução do projeto está realizando um reforço das estruturas, obra necessária, por exemplo, para a troca do telhado e de toda a parte elétrica, de telefonia, hidráulica, ar-condicionado e revestimentos.

A parte externa do prédio também está passando por transformações significativas. Originalmente com janelas pequenas e acabamento em pastilhas brancas e azuis, o edifício está ganhando sacadas na maioria dos apartamentos e uma fachada que está modernizando completamente sua aparência.

Além disso, o Edifício Apolo contará com um terraço com vista para o Passeio Público e os prédios próximos, construídos entre as décadas de 1940 e 1960. Já o subsolo será adaptado para abrigar lavanderia, academia e bicicletário.

Pedro Amin Tavares, também arquiteto e sócio fundador da Arquea, ressalta que, ao conceber o retrofit, o escritório de arquitetura da capital buscou manter no projeto uma qualidade já existente no antigo Edifício Apolo: o conceito de fachada ativa, com lojas no térreo, em que a construção se volta para a rua, para as calçadas.

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