Com a investigação de três supostos casos de intoxicação por metanol no estado, um projeto criado dentro da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2024 pode colaborar na detecção da substância em bebidas adulteradas.

O doutor em física Matheus Felipe Fagundes das Neves explica que o projeto trata-se de um sensor que detecta a presença de metanol a partir de uma tinta condutora à base de água que identifica vapores do componente. Apesar do dispositivo ter sido criado para detectar etanol e metanol na atmosfera, o físico destaca que o projeto pode ser aplicado nessa nova demanda.

“O que esse sensor detecta? Vapores alcoólicos. Se eu aproximar o sensor a um vapor de metanol, vai alterar o valor da resistência elétrica. Se eu expor ao vapor de etanol, vai apresentar uma interação diferente. Isso permite que eu consiga identificar a presença dessas substâncias onde estiverem”, explica.

De acordo com Matheus, a ideia do projeto liderado pela professora Lucimara Stolz Roman, do departamento de física da UFPR, é de que o sensor se transforme em dispositivos portáteis, que pode ser levado na bolsa. Isso o tornaria ainda mais prático e sustentável, visto que consumidores e estabelecimentos poderiam tê-lo em chaveiros, botons e em outros objetos.

“É só aproximar do copo. O item poderia ter um LED que sinalizasse com uma mensagem de que a bebida não está própria por conter metanol”, explica.

O físico destaca que o sensor se assemelha a um chip que pode ser utilizado mais de uma vez. “Por exemplo, eu aproximei do copo, vi que tem o vapor ali e eu tiro, o próprio ar que está passando em volta vai tirar essas moléculas de metanol e vai recuperar a propriedade inicial. Então, eu posso aproximar de novo e medir novamente”.

Em relação ao valor do projeto, Matheus afirma que o sensor utiliza materiais que a própria equipe produz. Portanto, o custo final poderia ser reduzido, o tornando viável.

Do laboratório para a indústria

Matheus ressalta que, em 2024, o projeto foi patenteado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e, inclusive, está em artigos científicos publicados em revistas indexadas. Porém, para que a população passe ter acesso a ele, é necessário que haja interesse da indústria.

“Precisamos angariar recursos de instituições ou de pessoas interessadas para continuar o desenvolvimento do projeto e realmente colocar esse processo da indústria”, explica.

Apesar de ainda necessitar de recursos, para Matheus, ver que o seu conhecimento pode ser aplicado na sociedade para resolver problemas atuais o faz se sentir orgulhoso. Principalmente, por ser curitibano e ver que todo o projeto foi desenvolvido dentro de uma universidade em Curitiba.

“Parece que eu estou conseguindo retribuir o que ela deu para mim todos esses anos de formação”, finaliza.

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